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Você sabe o que é trabalho em rede?



TRABALHO EM REDE A PARTIR DE CASO CONCRETO


    O trabalho na Assistência Social é uma atividade que leva os trabalhadores, muitas vezes, a uma sensação de impotência. Muito se diz de “enxugar gelo” quando falamos das nossas ações referentes aos usuários, como se não tivéssemos forças suficientes para transformar a realidade. Para além das situações da realidade social, temos os limitantes que cada um dos equipamentos da política publica tem, pois um único serviço não tem condições de atender o individuo em sua totalidade de demandas.

    Diante de um sujeito diverso, com demandas múltiplas, em uma política que tem em vista que cada um possa, minimamente, acessar seus direitos, precisamos de muitos tipos de serviços que atendam a população. Mas equipamentos atomizados, ou seja, pontos de atendimento espalhados pela cidade, cada um por si, não configura uma rede, mesmo pertencendo ou sendo geridos por um mesmo ente público – a prefeitura – ou não.

    Rede é uma ideia ampla de sentidos e significados e como podemos ver na PNAS (BRASIL, 2004, p.95) que traz o conceito de rede socioassistencialcomo:

    [...] um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade.

    E como isso acontece na prática?

    Temos o caso de um idoso que está neste Centro de Acolhida há mais de dois anos. Diante das possibilidades de atuação deste serviço, poderíamos fazer pouco por ele, mas, em geral, a atuação dos profissionais da assistência social extrapolam suas atribuições em busca de uma real cidadania. Vejam.

    Na saúde, há questões ligadas às pernas e outras relacionadas à saúde mental que necessitam cuidados especiais. Este equipamento não tem profissionais da saúde, então não fazemos curativos, não ministramos medicações de nenhum tipo, nem mesmo devemos tutelar a vida do convivente, como lembra-lo do remédio. Neste momento acionamos a REDE e em parceria com o CnR (Consultório na Rua), atuam dentro do espaço limpando as feridas, trocando curativos, ministrando remédios.

    Na documentação, haviam questões ligadas a sua identidade e a dificuldade de emitir novos documentos, pois não havia originais e sua certidão de nascimento era de outra cidade em Minas Gerais.  Através do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt - Polícia Civil), que veio ao espaço colher as digitais deste senhor foi que pudemos emitir uma nova certidão de nascimento e, novamente excedendo as atribuições do serviço, a assistente social acompanhou até o Poupa Tempo para a emissão de novos documentos. O Poupa Tempo negou a emissão de documentos com o documento que tínhamos e foi através da articulação da equipe deste serviço, em contato com o cartório de origem, mesmo com todas as dificuldades que a pandemia trouxe, pudemos receber pelo correio outro documento original e dar seguimento na emissão dos novos documentos de identificação e com isso, finalmente, temos a possibilidade de cadastra-lo em seu CADÚNICO e promover acesso cidadão aos seus direitos, que será o próximo passo.

    Uma vez ao mês o Centro de Acolhida fecha durante um período do dia para realizar desinsetização, para controle de um tipo de pulga conhecida por “muquirana”. Neste dia direcionamos os conviventes idosos a um Centro de Acolhida próximo para que passem o dia em um local seguro. Este convivente no qual mencionamos nesse texto saiu do equipamento e ficou vagando pelas ruas. Devido a questões de saúde mental não lembrava como retornar ao serviço e passou dois dias fora da casa. Nesse momento articulamos novamente a rede através da sociedade civil e das redes sociais para alertar a comunidade que ele estava perdido e que estávamos procurando por ele através da página do Observatório Vila Leopoldina, mesmo assim não foi encontrado. Os Orientadores Sócio Educativos utilizaram o espaço em sua rotina destinado à atividade para fazer uma busca ativa pela região, apenas então foi encontrado e trazido de volta para o Centro de Acolhida.

    É ai que vemos que não temos pernas ou braços para dar conta de todas as demandas que surgem, mas em um trabalho em conjunto, cada um fazendo um pouco e tentando superar diversas dificuldades burocráticas e os limites físicos e normativos dos serviços que conseguimos atuar na rede da política da Assistência Social.

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