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Conclusão de Curso do CEDESP

Fala do diretor presidente:


Eu te louvo, Pai, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Mt 11,25-30)

Um dia depois do Senado da República, vergonhosamente, ter rasgado a CLT brasileira, tirando direitos duramente conquistados pelo povo mais simples no Brasil, que garantia mínimos de proteção cidadã, como é dever do Estado brasileiro, no mundo do trabalho, estamos aqui reunidos nesta conclusão de uma etapa do curso do Centro de Convivência Santo Antônio, do Instituto Rogacionista Santo Aníbal.

Esta formatura é sinal da resistência de vocês, e nossa, contra um Estado a serviço de interesses dos mais poderosos e de uma elite que usurpa os direitos e viola a dignidade das pessoas.

Conta a nossa história brasileira, que um bandeirante paulista, um violador de direitos e assassino de indígenas, com o nome de Bartolomeu Bueno da Silva, nas suas entradas exploratórias e dizimadoras, pelo sertão do Brasil, em busca de escravizar os indígenas e roubar o ouro, chegou a uma aldeia no sertão do Brasil. Descobriu que os indígenas possuiam ouro e, sabiamente, não davam valor àquele metal, mas também não queriam lhe mostrar onde estava este vil metal.

Então este bandeirante, não apenas escravizou estes povos, como também levou o ouro deles embora, através de um truque. Pegou uma vasilha, encheu-a de cachaça, colocou fogo e ameaçou incendiar os seus rios e lagoas, acabar com todas as águas, se eles não lhe entregassem o ouro. Os indígenas, naturalmente, ficaram com medo e anunciaram o local onde estava o ouro.

Este bandeirante recebeu, dos indígenas, um merecido nome: anhanguera. Que significa espírito malígno velho ou diabo velho. Hoje tem uma estátua deste diabo na Av. Paulista (lugar apropriado, símbolo do poder econômico do Brasil) e, vergonhosamente, dá nome a uma importante rodovia do nosso estado. Talvez para nos recordar perenemente que a chamada integração nacional, as entradas e bandeiras, foi sempre “genocídio, escravização e roubo” dos nossos povos originários. Um verdadeiro “espírito maligno velho”, um anhanguera.

Mas esta história, não é passado; é, infelizmente, presente. Este espírito maligno velho, agora, mora em palácios ou grandes edifícios espelhados, que exerce o poder econômico e político. Este diabo velho continua a devorar as nossas águas, poluir os nossos rios, lagoas e mares, e a transformar as nossas terras em deserto. Rouba as nossas riquezas e escraviza os nossos povos; assassina os líderes dos movimentos sociais e indígenas. E estes diabos velhos e malígnos precisam ser exorcizados!  Digo diabos, no plural, “porque eles são multidão” (Mt 8, 28-34).

E, a Palavra de Deus nos garante, que são os pequeninos, a quem é destinado o Reino de Deus, que esconjurarão estes espíritos malígnos de nosso meio. E o farão com aquilo que nosso povo tem como maior riqueza: a fé, a coragem e a resistência. Sim, como disse Euclides da Cunha, “ o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Estes poderosos, instalados em seus palácios e insensíveis a dor da maioria do povo brasileiro serão vencidos. E, com Maria, cantamos a grandeza de Deus que “derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes; enche de bens os famintos e manda embora os ricos de mãos vazias” (Lc 1, 51s).  sim, com Deus, somos mais fortes do que eles.

Por isso, esta formatura é, antes de tudo, um momento em que vocês manifestam que a vitória é dos simples e dos injustiçados. Vocês são vencedores! Todos vocês. Educandos e Educadores. Trabalhadores do poder público ou da sociedade civil. Construtores de um novo Brasil.

E com o papa Francisco afirmamos: “Nenhuma família sem casa. Nenhum camponês sem terra. Nenhum trabalhador sem direitos. Nenhuma pessoa sem dignidade”.

Agradeço, em nome meu e do Instituto Rogacionista, todos e todas que tornaram possível esta luta, a resistência, a perseverança e a vitória de cada um e de cada uma.  Sejam do poder público ou da sociedade civil. Muito obrigado. Continuem na luta.

Valhei-me, Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Senhor, salvai o Brasil!

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